Muitas vezes as demonstrações de carinho podem não ser compreendidas. Cada ser humano é um, com uma maneira própria de viver a vida e suas dores. Eu cheguei em Santa Vitória do Palmar com sete anos de idade, em agosto de 1975. Das lembranças mais doces que tenho desta época estão os passeios na Praça General Andréa nos finais de tarde de verão, junto com meu pai, minha mãe e minhas irmãs/irmão, com uma infinidade de passarinhos transformando o alto das palmeiras em orquestras sinfônicas desorganizadas e harmoniosas. E o Zezinho, conversando com o meu pai e minha mãe sobre o bebê Sérginho, primogênito morto aos 5 anos e meio, que conheci em parte nestas conversas que o Zezinho tinha com meus pais, na maioria das vezes em um banco da praça, com o passarinhedo fazendo trilha sonora de fundo.
O Zezinho era uma espécie de ídolo que eu tinha. Sabia as horas sem levar relógio. Conhecia minha família de uma época em que eu ainda não era nascida. Sabia das chuvas e dos ventos. Sabia sorrir, sendo adulto, com sorriso de criança.
Parece que alguns dos familiares do Zezinho não estão de acordo com homenagearmos esta figura tão querida com a nossa feira. Trato de compreender. Se para nós é estranho imaginarmos Santa Vitória sem ele, para a família certamente é bem mais dolorido. E o que para nós é uma forma de suavizar sua partida, para os irmão pode ser o dedo na ferida.
Esta semana estaremos tratando de contactar pessoalmente com cada um do parentes, e caso haja uma única posição em contrário, esta será respeitada.
Cláudia Schwab
Um comentário:
"Me leva Zezinho" já é um patrimônio imaterial de Santa Vitória, pela satisfação do bom e do bonito na forma simples e sem preconceitos da manifestação.
Pablo Neruda não saia na busca dos objetos, dizia que chegavam até ele. "Me leva Neruda".
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