O Zezinho, pra quem não sabe, foi uma figura muito querida da nossa cidade. Algo como o “louco da aldeia” do Mário Quintana, que conversava com as maçanetas das portas e iluminava a vida de todos. O Zezinho sabia a hora certa sem levar relógio, não gostava de dias de vento e previa chuvas, frios intensos ou calores infernais. Contam – eu não sei, só ouvi falar, que quando ainda guri vinha um dia pela rua e ouviu uma vozinha que dizia: “me leeeeva, Zezinho....me leeeeva...” E era uma vozinha tão fininha, tão pobrezinha...Era uma época em que a vida era tão pacata e o ar tão limpo, que ainda se colocavam os bolos nas janelas das cozinhas para esfriar. Pois quem chamava era o bolo, de forma tão insistente e triste... “Me leva, Zezinhoooooo...”, que só lhe restou levar o bolo. Depois, quando foi devolver o prato, explicou tudo para a dona da casa.
Nas férias de julho deste ano íamos a pé para o campus, eu e a Natália, numa fria tarde de sol, e vimos um grande cortejo saindo das capelas, rumo ao cemitério. O caixão ia coberto com a bandeira do Vitoriense. Era o Zezinho, recebendo o adeus da cidade onde viveu. A mesma cidade que lhe prestou homenagem em carro aberto quando completou 60 anos, já faz tempo. A cidade emocionada dava adeus a uma de suas figuras mais doces.
O Zezinho faz parte do patrimônio imaterial da nossa terrinha. Vire nome de feira, ou não, sua memória não pode ser perdida.
Cláudia Schwab
Um comentário:
Gostei muito do seu comentário Claudia,esse é o Zézinho da Hora de SantaVitória.Abç.
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